UM PROJETO SOBRE A ALMA DOS OBJETOS
UM PROJETO SOBRE A ALMA DOS OBJETOS
Nossa casa representa os bastidores de nossa vida, lugar de retiro e privacidade, sonho e inspiração, desenvolvimento e criação. É ao mesmo tempo refúgio e santuário onde construímos e damos vida a tantas facetas e personagens que habitam simultaneamente em nós.
É um lugar de auto-expressão. Container de memórias, sentimentos e sensações que reúne em um só lugar resquícios de quem fomos, evidências do que somos, e indícios de quem desejamos ser, trazendo horizontalidade e estabilidade para o efêmero de tantos pensamentos e momentos. Mais do que um abrigo, é um espaço autobiográfico onde reunimos, selecionamos e dispomos de tudo aquilo que nos faz sermos o que somos.
Neste contexto, o projeto PERTENCE busca trazer atenção para o papel que a casa e seus objetos ocupam na construção de nosso imaginário, colocando ao alcance dos olhos uma dimensão onírica de nós oculta no ver cotidiano, mas impregnada de sentidos e símbologias.
Ao trazer atenção para a relação afetiva e identitária que estabelecemos com nossas coisas, o projeto evoca “a alma dos objetos,” este corpo sutil que desafía lógicas mercadológicas e nos apresenta o que de fato nos preenche, nos dá forma, nos revela. Mais que objetos, PERTENCE é sobre identidade, sonhos, laços, valores e memórias que guardamos ou dispensamos ao longo do curso de nossa vida.
Objetos por si não apresentam valor ou funcionalidade. Somos nós que os adornamos com sentidos, significados e memórias que nos ajudam a entender o que somos, a que grupos pertencemos e o que nos conecta ao mundo. A importância de um objeto não esta na posse, mas na relação que se estabelece com ele e na forma como ele se integra e transforma a nossa vida
PERTENCE nos convida a lançar um olhar sobre nós a partir daquilo que escolhemos ter. Aos poucos hábitos, gostos, interesses, desejos e memórias vão sendo revisitados e resgatados. Saem de armários, gavetas, caixas e prateleiras para dar forma àquilo que gostamos, sentimos e pensamos. Não estamos falando de segredos ou intimidades, estamos falando do óbvio de nossos gostos e rotinas, daquilo que compõe nosso dia-a-dia e é evidência clara de nossa forma de perceber o mundo.
A fotografia, assim, não surge do reflexo, mas da reflexão. É resultado do estranhamento que se experimenta ao se colocar como observador da própria história impressa naquilo que escolhemos manter ao alcance das mãos.
O que conseguimos dizer sobre nós olhando para nossas coisas? Este é o convite feito em PERTENCE.